Calendário de Coligny
por Carol Bispo
O conhecido calendário Gaulês ou calendário de Coligny, foi encontrado em Coligny na França em 1897 e datado do século II a.c. Trata-se de um calendário lunisolar escrito em placas de bronze de 150×90 cm, em estado bastante fragmentado.
São 2021 linhas em gaulês no alfabeto latino.

Esse calendário mostra de maneira clara os meses e dias. Abarca um período de 5 anos consecutivos divididos em 62 meses, sendo 5 vezes 12 meses e 2 meses suplementares.
Esses 62 meses estão dispostos em 16 colunas que se leem verticalmente da esquerda para direita.
O ano celta se divide em duas partes, um semestre invernal (Giamos) e um semestre estival (Samos). Os 12 meses são lunares e iniciam no 1º quarto crescente, no 6º dia da lua. Se alternam meses de 29 dias e de 30 dias.
Como os meses obedecem o ciclo lunar, para haver uma concordância com o ciclo solar, e não haver um deslocamento de tempo com as estações, é incluído um mês suplementar a cada 5 semestres, de maneira alternante antes do primeiro e do segundo semestre.
Desta maneira, além dos dias, meses e ano, há uma nova unidade, o “lustro” (período de 5 anos), que comporta em seu início um mês intercalar seguido de 30 meses, outro mês intercalar e mais 30 meses.
Por consequência, um lustro comporta 62 lunações, equivalentes a 5 anos solares completos. Permitindo assim harmonizar o movimento dos astros medidores do tempo, o sol e a lua.
Outros ajustes são necessários no calendário original, formando um período de 6 lustros, ou 30 anos. Marcando o fim do período por um lustro de 61 lunações, sem o segundo mês intercalar.
Para uma concordância mais prática nos tempos atuais, em minha prática pessoal, opto por seguir os períodos das lunações, acrescentando os meses intercalares a cada 2 anos e meio (30 meses). Inicio o mês no primeiro dia de Lua Nova, seguindo um conceito de que os celtas consideravam que o dia se iniciava em sua parte escura, ou seja, à noite: “(os Gauleses) determinam os intervalos de todas as durações não pelo número de dias, e sim pelas noites. Eles celebram assim os aniversários e os inícios dos meses e dos anos, de maneira que a luz do dia se sucede à noite” (Bellum Gallicum) – Júlio César “Guerra das Gálias”
Não há um consenso de tradução para os nomes dos meses, apresento aqui os nomes retirados no livro “Xamanismo Celta – Jonh Mathews”:
Samionos | Queda das sementes |
Dumannios | Profundidade escura |
Riuros | Tempo frio |
Anagantios | Tempo de ficar em casa |
Ogronios | Tempo do gelo (derretimento) |
Cutios | Tempo dos ventos |
Giamonios | Aparição dos brotos |
Samivisionos | Tempo do brilho |
Equos | Tempo dos cavalos |
Elembuios | Tempo de reivindicação |
Edrinios | Tempo de decisão |
Cantlos | Tempo da canção |
Uma das grandes dificuldades na modernidade é determinar o início do período de cinco anos. Há um estudo que considera um série de datas mitológicas: segunda batalha de Mag Thured, por exemplo, e astrológicas: entrada de Saturno em Touro: “Quando a estrela Cronos (Saturno), que nós chamamos de Phénons e que nesta ilha se chama Nycture, entra no signo de Touro, o que ocorre depois de uma revolução de 30 anos” – Plutarco.
A partir daí se calculou que o ano de 1871 a.c, marcado como o ano da segunda Batalha de Mag Tured na mitologia, coincidia com a entrada de Saturno em touro. Calculou-se que mantendo essa data como o ano I, o cálculo era compatível com o Calendário de Coligny.
O calendário de Coligny é alinhado com as estações do ano, precisando assim ser espelhado no Hemisfério Sul. O mês Samionos marca o início de um novo ano, para determinar a data correta do mês considero a segunda lua nova após o equinócio de outono.
O calendário de Coligny me leva a perceber a importância da Lua para os povos celtas, que faziam questão de seguir seus ciclos em seu calendário, embora o calendário de Coligny seja da Gália, outros territórios celtas trazem marcas da observação dos astros. Também observo a importância de criarmos um calendário pessoal, de forma a podermos nos sintonizar com a energia da terra e dos astros.
Na minha prática religiosa moderna pratiquei seguir e observar a energia lunar pelas correlações do calendário de Coligny durante três anos completos, de forma bastante satisfatória, para isso levo em consideração alguns fatores para complementar as nomenclaturas do calendário e me ajudar a compreender a energia da lua do mês:
- Nome do mês pelo calendário de Coligny;
- Proximidade com solstício, equinócios e festivais;
- Conjunções astrológicas;
- Dia da semana;
- Lua nova – pouca luz: práticas meditativas, introspectivas;
- Lua cheia – muita luz: práticas ativas, expansivas.