Honra
Um valor muito conhecido e comentado, mas que é visto com um certo distanciamento nos dias atuais, como pertencente ao mundo antigo, aos grandes reis, rainhas e guerreiros do passado, pouco questionado no mundo moderno e na vida de pessoas comuns.
Ser responsável pelos seus atos, agir de acordo com suas crenças e valores, não envergonhar seu nome e de seu clã, cumprir a sua palavra. A Honra é um dos valores basilares do Druidismo, sustenta as ações e o carácter de quem a respeita e deve ser levado a sério por aqueles que se interessam em seguir a espiritualidade celta.
Que suas ações possam refletir suas palavras e, quando preciso, que haja coragem para assumir seus erros, voltar atrás e se corrigir com dignidade.
Podemos viver a HONRA em nossos dias ao:
- Ser responsável por suas ações e palavras ditas;
- Cumprir com dignidade suas responsabilidades assumidas, inclusive as financeiras;
- Cumprir suas obrigações sociais, sem se esquivar de sua responsabilidade como cidadão;
- Realizar as tarefas pelas quais é responsável com responsabilidade e qualidade;
- Manter sua palavra, cumprindo compromissos, promessas e acordos;
- Assumir erros, fraquezas e falhas com clareza e dignidade, e se possível, tentar redimi-las.
Um conto sobre a HONRA:
Pwyll era o rei de Dyvet, e certa amanhã acordou subitamente com uma vontade imensa de caçar. Reuniu seus homens e se embrenharam na floresta.
Após longas horas não haviam conseguido alcançar nem mesmo um pequeno animal e exaustos resolveram voltar, porém o rei quis continuar sozinho por mais um tempo.
Quando a noite caiu, Pwyll foi atraído por latidos furiosos e se deparou com uma matilha de cães perfeitamente brancos e orelhas vermelhas como sangue. A matilha tinha acabado de abater um belo veado e o rei pensou em levá-lo consigo, assim não voltaria da caçada de mãos vazias.
Assim que se aproximou para se apossar da caça, um cavaleiro vestido de preto e montado em um imenso garanhão o repreendeu: “É digno de um homem de sua estirpe roubar a presa de outro?”
Imediatamente o rei percebeu a sua falta, causada diante da empolgação e do cansaço, e ofereceu reparação por sua ação descuidada.
O cavaleiro era ninguém menos que Arawn, senhor do Submundo, para onde vão as almas dos mortos, que aceitou a compensação oferecida, e pediu para que Pwyll passasse um ano em seu reino e derrotasse um gigante que o atormentava, mas que só poderia ser vencido por alguém do mundo dos vivos.
Assim é feito, disfarçado como rei do Submundo, Pwyll toma seu lugar e derrota o gigante. Por sua vez, o próprio Arawn governa Dyvet, naquele ano, sem que ninguém saiba da troca, garantindo a prosperidade de seu povo.
Pwyll tem sua honra restaurada após sua falha, e de forma igualmente honrada Arawn cuida de seu reino, para que seu rei não caísse em vergonha e desgraçasse todo seu povo.